“Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas”. (Marcos 11:15).
Qual seria o maior embaraço da igreja, ou qual é a pior brecha aberta para que o pior inimigo da igreja ataque-a? Certamente há várias, mas é existe uma degradável que é o “interesse de lucrar”. Isto já é velho, bem antes de Jesus vir na terra lá no tabernáculo isso já existia. Este interesse é caracterizado pela ambição, inveja e cobiça de obter sempre mais. Vejamos alguns casos bíblicos:
1. O Caso de Acã. “Respondeu Acã a Josué: Verdadeiramente pequei contra o Senhor. Deus de Israel, e eis o que fiz: quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos, cobiçaram-os e tomei-os; eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata debaixo da capa”. (Josué 7:20/21).
2. O caso de Ananias. “Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade, e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a depositou aos pés dos apóstolos. Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno? Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E grande temor veio sobre todos os que souberam disto”. (Atos 5:1-5).
A Bíblia esta recheada de casos parecidos com estes, como por exemplo, os filhos do sacerdote Eli, Hofni e Finéias. Eles eram infiéis e não conheciam o Senhor, mas mesmo assim exerciam o serviço sacerdotal do tabernáculo. Podemos observar também a inveja que Caim teve de seu irmão Abel, inveja a qual o levou a assassiná-lo. O próprio Mestre teve que enfrentar com rigor este tipo de gente que tenta lucrar apoiando-se do templo (igreja) e do seu serviço sacerdotal.
Mas, por que isto ainda acontece? Os exemplos citados na Bíblia não são suficientes para que o nossos líderes evitem que se abram estas brechas e criem-se esses embaraços em nossas igrejas? Onde está esse grande temor que veio sobre aqueles antigos cristãos quando souberam da morte de Ananias e de Safira? A propósito, Acã e toda a sua família também morreram, foram apedrejados, queimados por causa de sua ambição.
Quero repudiar pelo menos três circunstancias reais que existem nas igrejas hoje. A Primeira delas é esse pula-pula entre os pastores. Até um tempo atrás, essa era uma atitude de alguns crentes e eram veementes criticados pelos pastores, até foram apelidados de crentes macacos. Pois bem, é difícil encontrar hoje um pastor que esteja a mais de cinco ou dez anos em uma mesma igreja, ou melhor, é difícil encontrar um pastor que permaneça na sua igreja, após receber uma proposta de salário melhor de outra igreja. Banalizou geral, virou empresa e comércio. Lembro-me do tempo que um pastor saía da sua igreja por três motivos; jubilado, morto ou por algum escândalo. Temos que aprender com Felipe, seu ministério estava indo bem, crescendo, muita gente nova, imagine o ego de Felipe entre os apóstolos. Mas Deus propôs que ele fosse para o deserto pregar o evangelho e ele aceitou, pois o seu coração estava verdadeiramente na obra do Pai. Ele não se importava com a quantidade de membros no rol, se importava em fazer discípulos. Não havia preocupação com salário, pois ele sabia que Deus supriria todas as suas necessidades, ele não estava apegado às coisas materiais. Filipe deixou todo o seu conforto para estar no centro da vontade do Pai, foi até aos confins da terra por amor ao Evangelho. Os líderes de hoje são e pensam diferentes, estão tão preocupados que com suas igrejas locais que não se levantam para cuidar de suas missões, Felipe foi para o deserto, e tem gente que não tem coragem de ir a cidade vizinha pra cuidar dos filhos de Deus que lá estão. Isso é pecado! Filipe é um exemplo para aqueles lideres que estão acomodados, aliás, o sonho de todo pastor é construir templo, por que será? Alguns realmente constroem um lugar de adoração e oração, mas muitos o fazem para massagear seu próprio ego, orgulho, símbolo de admiração e elogios. Muitos estão frustrados por causa disso, pois não entenderam que no Reino de Deus, é necessário que Ele cresça e que nós venhamos a diminuir cada vez mais, para vermos a glória do Senhor resplandecendo como o sol da justiça em nosso favor. Não há problema de um pastor assumir outra igreja, desde que esse processo seja levado pela vontade do Senhor e que não haja interesses lucrativos nessas mudanças. Precisamos desenvolver uma filosofia Bíblica que questione essas pratica abusivas, lucrativas e iníquas entre o povo de Deus. É hora de tomar a mesma atitude de Jesus, expulsar os cambistas.
A segunda circunstância é a indústria da música gospel que tem utilizado de várias formas e estratégias, para vender e propagar seus produtos. Como cristão, sinto-me feliz ao ver as proporções que nossas músicas atingiram no cenário nacional, mas o que me preocupa é o desvio do propósito dessas músicas. Sabemos que tudo que tem fôlego deve louvar a Deus, acredito que a música gospel esta radicalmente restrita para fazer cumprir este propósito. Parece que o que move os corações daqueles que gravam CDs e DVDs, não são mais de adoração e louvor ao Rei dos reis. Contratos milionários são fechados com empresas, “aliás,” já virou referência”, hoje são elas que produzem e faz florescer o gosto musical do povo de Deus. Estão misturando as coisas, trazendo fogo estranho para o altar de Deus. Os eventos há décadas que deixaram de acontecer nas igrejas, essas foram substituídas pelas enormes e luxuosas casas de shows que muitas vezes, na noite anterior, foi palco de músicas profanas que despertam adultérios, mentiras, vícios e prostituição. Os ambientes profanos estão se misturando com aquilo que deveria ser santo, separado somente para Deus. Sem falar dos alvos de venda que os próprios “artistas cristãos” mobilizam seus “fãs” a comprarem, visando à lucratividade e os altos preços de cachês dos shows evangélicos, parece ironia, mas tem gente por aí cobrando R$ 15 / 50 mil pra fazer um culto, enquanto que não se arrecada nem R$ 2,50 por cristão no ano para serem enviados para missões. Quanto que a sua igreja tirou dos dízimos até agora para missões? Qual foi a sua oferta?
É claro que existem aqueles que ainda não se contaminaram com os “espíritos dos cambistas” que rolam soltos por aí. Esses dias eu entrei em um site de um cantor evangélico e logo no HOME, de cara estava escrito, “rumo as 150 mil cópias”, mas para quê? Será que realmente é pra engrandecer o nome de Jesus? Suponhamos que cada CD renda em torno de cinco reais para o artista, se vender 150 mil cópias dará 750 mil, divide este valor em 14 meses que geralmente é o tempo que eles levam pra gravar e lançar seus trabalhos, bom dá uma quantia de quase 54 mil por mês, fora o lucro de shows. É claro que todo trabalhador tem direito do seu sustento, é claro! Mas o próprio Jesus nos alertou dos joios e dos lobos no meio das ovelhas, sanguessugas que estão lucrando com o evangelho que deveria ser oferecido de graça. As plataformas têm seduzido muita gente, o glamour, o dinheiro e a fama, tem subido aos corações de muitos, mesmo que eles cantem e preguem ao contrário.
A terceira circunstância é o chamado “Turismo Religioso”. Talvez você nunca ouviu falar sobre ele, mas é real e tem gente comprando até aviões por aí. Quantos cambistas em meio ao povo de Deus. Viagens santas, cruzeiros caríssimos, seminários e congressos pelo Brasil e fora dele, levam os irmãos a torrarem todo seu dinheiro. Não vejo as igrejas fazendo e se preocupando com aquilo que é eficaz, vigílias de orações nas madrugadas, por exemplo, mas parecem estarem iludidas com as multidões e com os eventos luxuosos. A massificação parece ser hoje, a única maneira de Deus operar no Brasil, ate a tradicional igreja Católica tem aderido a este movimento. É preciso achar um ponto de equilíbrio nisto tudo, é claro que é importante que saiamos nas ruas proclamando a Salvação, não há problemas nas conferencias, seminários e viagens, até participo delas, mas o deslumbre destas coisas e o lucro que elas dão, tem feito igrejas e denominações mudarem suas convicções e sua consciência cristã. Enquanto isto, as igrejas ficam cada vez mais frias e distantes do amor de Deus, tudo se tornou tão mecânico, tecnológico. É espantoso que as pessoas não têm mais por preciosa a presença de Deus em nosso meio. Ela, em muitos casos, foi substituída por um monte de metal e barulho.
A presença de Deus é suficiente e não podemos perdê-la. Há um momento que Jesus chega para uma igreja chamada Éfeso, e Ele diz: Eu conheço você, eu conheço a sua obra, conheço o seu trabalho, conheço a sua perseverança e eu sei que você tem suportado sofrimentos por causa do meu nome, mas eu tenho uma coisa contra você, é que você abandonou o seu primeiro amor, você já não me ama como antes, você não me adora como antes, a sua alma não me deseja, não tem sede como antes. Por vezes no velho testamento, nos vemos o Senhor comparando Israel como noiva, e Ele como noivo amando Israel, e você vê o Senhor amando Israel, cuidando, restaurando, provendo, curando e alimentando, mas mesmo assim a sua noiva se afasta, começa a flertar com outras amantes, começa a abrir espaço em seu coração para outros amores. Então Deus diz no capítulo 2 do livro de Oséias; Eu vou atraí-la, eu vou leva-la ao deserto, ali vou falar com carinho, vou falar ao seu coração, vou devolver a suas vinhas. E no versículo 15 ele diz: Ela me responderá como nos dias da sua infância, como nos primeiros dias, como nos dias que saíram do Egito. Do que adianta trabalhar tanto e se esquecer do amor, não há serviço que substitua o amor verdadeiro a Deus.